28 de julho de 2014

A Divina e Odiada Missão dos Judeus

Ézio Pereira da Silva


Em um relance de olhar com certa atenção podemos identificar, com razoável facilidade, em várias momentos de sua história desde os seus primórdios, algo que tem se tornado num estigma no povo judeu.

O Fato

Refiro-me a uma aversão que os judeus sempre sofreram das mais diversas origens, povos e lugares, sob as mais variadas alegações, pretextos e acusações.

Segundo entendo das Escrituras Sagradas, essa verdade é algo involuntário, gratuito e impensado. Entretanto, ela tem uma grande e forte razão de ser, de existir; alimentada por algo que ainda permanece fora do alcance da compreensão dos homens, tornando-se imperceptível pela humanidade.

O ódio aos judeus é tão irracional que se perguntarmos a algumas pessoas o porquê dessa oposição, elas provavelmente não saberão explicar, ou fornecer motivos razoáveis dessa predisposição contra aquele povo.

Alguns, na tentativa de explicar o fenômeno, atribuem seu ódio aos judeus pelo fato de Jesus ter sido traído e entregue aos romanos para ser crucificado por um judeu chamado Judas Iscariotes, apoiado, instigado e em cumplicidade com os judeus daqueles tempos.

Os que agem assim não percebem, ou se esquecem, que o próprio Jesus também era um judeu.

Se o motivo do ódio de muitos fosse o amor a Jesus a ponto de não desejarem a sua morte, não deveriam odiar o restante dos judeus, pois Jesus também era um deles. Se a explicação fosse consistente, a ira contra os judeus seria extensiva também a Jesus. No entanto, a verdade não parece ser essa.
Este argumento se verifica no fato de haver um consenso quase geral de que, se Jesus voltasse à terra com a mesma missão que teve quando aqui viveu, nossa sociedade moderna o mataria novamente, pois, apesar de por um lado nutrir por ele razoável simpatia, por outro, odeiam também a Jesus. O ódio a Jesus também faz parte do mesmo esquema.
 
Os que pensam em dizer que odeiam os judeus em função de seus sentimentos por Jesus, por eles o haverem crucificado é, no mínimo, contraditório, em razão de que, quando desprezam os ensinamentos e o amor do jovem Galileu, rejeitam-no e caem no mesmo erro que cometeram os judeus que eles acusam e condenam, tornando-se eles mesmos, condenáveis pelo mesmo padrão de justiça que utilizam.
 
As acusações de que os judeus são negociadores gananciosos, agiotas, racistas etc., não devem ser consideradas mais que pretextos para esse sentimento irracional, senão apenas propagandas e disseminação de ações inerentes ao caráter do ser humano, que podem se revelar em qualquer pessoa distanciada de Deus e não apenas nos judeus. O sentimento antijudeu em nível humano não vai além de absoluto preconceito racial.

A Causa

Há, porém, algo mais real e importante a considerar que, na minha avaliação é a causa maior de tudo.

Após acurada análise bíblica e das circunstâncias que envolvem o problema, nos deparamos com uma conclusão surpreendente para esse intrincado sentimento antijudeu. Cabe-me, portanto, compartilhar o que creio ser o verdadeiro motivo dessa emaranhada história milenar.
 
Nada poderia ser mais significativo e esclarecedor do gratuito ódio que os mais diversos povos, por muitos séculos nutrem pelos judeus, do que o seguinte fato: destes judeus descenderia o Salvador do mundo: Jesus Cristo. Ele próprio disse à mulher samaritana: " a salvação vem dos judeus " (João 4.22). Essa é a causa.
 
Isso ganha um significado extremamente claro e transparente quando pensamos que Israel foi escolhido com o propósito de ser um reino de sacerdotes e, como tal, receber a importante missão de ser o mediador entre Deus e as outras nações do mundo inteiro e de todas as épocas (Êx 19.6; 1 Pe 2.5,9). Na verdade, o ódio aos judeus é a extensão da velada indignação da humanidade contra Jesus (Salmo 2.1-12; 69.4; Mt 24.9; Jo 15.25).
 
O livro de Apocalipse, que não trata apenas de eventos futuros, quando no capítulo 12 mostra a figura de uma mulher que representa profeticamente as duas fases desse reino sacerdotal: Israel e a igreja, esclarece nos versículos 10 e 11 que o verdadeiro motivo por que o dragão (o diabo) persegue a mulher, símbolo tanto de Israel quanto da igreja, é a salvação proveniente de Deus e a vitória do seu povo sobre satanás.
 
Essa verdade é de extrema importância para satanás. E não é de admirar que ele, autor e principal causa da perdição dos homens e o agente originador de todo o esquema montado há milênios para o extermínio da raça judaica, nutrisse um profundo e terrível ódio pelos judeus.
 
Esse ódio foi desfechado contra o povo judeu durante toda a história anterior a Jesus, tanto para impedir o seu nascimento como para eliminar, por vingança, aqueles que haviam sido o instrumento de Deus para que a salvação se manifestasse ao mundo, a partir do concretizado nascimento virginal daquela criança em Belém da Judéia, que trouxe a humanidade a oportunidade de ser salva da condenação eterna.

Se não, vejamos:

Exemplos na História

Examinando um pouco a história judaica - ela está repleta de relatos de investidas contra esse povo - vamos conseguir distinguir com razoável evidência essa realidade.

*   Quando, no livro de Gênesis, capítulo 15, Deus anunciou a Abrão que ele teria um filho herdeiro, do qual descenderia os judeus, houve uma forte e maléfica manifestação sobrenatural, de origem satânica, para tentar impedir a concretização do cumprimento da promessa feita no capítulo 3 verso 15, do mesmo livro; 

*   Bastante conhecida em toda a Bíblia é a história do cativeiro de Israel na terra do Egito, quando o faraó daquela antiga dinastia, tentando impedir a continuação do povo hebreu, determinou a morte de todas as crianças do sexo masculino, instruindo as parteiras a não deixá-las viver. Essa foi uma das primeiras tentativas de Satanás para frustrar o propósito de Deus de trazer ao mundo o Salvador Jesus. Ele estava disposto a não permitir que através de Israel viesse o Salvador. E para cumprir o seu intento, se valeria dos homens que lhe dessem alguma brecha às suas ações, bem como dos esquemas humanos, todos quanto fosse possível;

*   No livro de Ester capítulo 3, versículo 6, lemos a narrativa do ódio gratuito de Hamã contra Mordecai a ponto de desejar matá-lo, pelo simples fato deste não reverenciá-lo. Nada obstante, quando ficou sabendo que Mordecai era judeu, não se contentou apenas em eliminá-lo, mas arquitetou um plano para exterminar toda sua raça. Fica claro que a ação para liquidar os judeus era totalmente sem motivo; apenas porque eram judeus;

*   Vários reinos e nações tudo fizeram para exterminar os Israelitas, tais como: os Moabitas, os Amonitas e os Edomitas. Estes últimos, quando da invasão e destruição de Jerusalém pelos exércitos do rei Nabucodonosor (ver Salmo 137.7);

*  Os babilônios, ou caldeus, cujos feitos causaram indignação ao Senhor, a ponto de determinar sobre eles o mesmo juízo que executaram em Judá, capítulos 50 e 51 do livro de Jeremias;

*   A perseguição acirrada e engendradas intrigas que Sambalate, Tobias e Gesém, após frustradas tentativas, fizeram a Neemias depois que Israel voltou do cativeiro babilônico, com a finalidade de impedir o restabelecimento do povo judeu em sua própria terra;

*   No século II a. C., no período dos Macabeus, Antíoco Epifânio, um rei selêucida, inimigo dos judeus, intentou exterminar os judeus e o Judaísmo, proibiu o culto dos judeus no templo de Jerusalém e os seus costumes religiosos;

*    O rei Herodes, depois de receber a notícia do nascimento de Jesus, ordena a matança de inocentes crianças de dois anos para baixo, para ter a certeza de eliminar Jesus. Segundo seus pensamentos, a sua motivação foi o receio de perder o seu reinado para aquele anunciado "intruso", chamado Rei dos Judeus pelos profetas;

*   O Império Romano, no ano 70 d. C., ao arrasar Judá e Jerusalém, finalmente provocou a morte dos últimos sobreviventes judeus (mais de 900), que ainda resistiam ao ataque romano dentro da fortaleza de Massada, junto ao Mar Morto;

*  Nos séculos anteriores à Primeira Guerra Mundial na Europa, em várias ocasiões, os judeus, foram alvos de perseguições e massacres. Um exemplo foi a conhecida noite dos cristais. Naquela época, eram obrigados a portar símbolos que identificassem sua condição de judeus, com a finalidade de indicar alvos de investidas racistas e atrocidades;

*   Nazistas na Segunda Guerra Mundial: aproximadamente, seis milhões de judeus foram mortos pelas mãos de Hitler. Quais foram os motivos do Fuhrer? Nenhum! Apenas pensar nos judeus como uma raça inferior, uma sub-raça, engrandecendo os arianos como sendo uma raça superior, além de motivos menos importantes, que levaram-no a propor a "solução final" para a questão judaica, ou seja, o extermínio dos judeus. Conseguiu realizar tudo isso, ajudado pela difusão de propaganda mentirosa comandada por Goebels, um de seus ministros, na qual eram atribuídos aos judeus muitos atos produzidos pelos próprios nazistas com a finalidade de incriminar os judeus. Hitler ainda afirmava estar fazendo uma grande obra para a humanidade, que era exterminar os assassinos de Jesus;

*  As nações árabes na batalha da conhecida Guerra dos Seis Dias na década de 1960. Esses povos árabes resolveram unir-se em um total de dez nações com o exclusivo objetivo, como chegaram a declarar, de varrer Israel do mapa naquela ocasião. Não fosse a mão de Deus... e Israel certamente não mais existiria;

*    Alguns anos atrás, durante a guerra do golfo, Sadam Hussein, ditador Iraquiano, tentou de toda forma e insistentemente, inclusive com ataques a Tel Aviv, incluir Israel no conflito com os Estados Unidos, com o objetivo de provocar uma guerra generalizada das nações árabes contra os judeus;

*   Os repetidos atentados a alvos judeus em várias partes do globo, como o ocorrido há pouco tempo, na história recente da Argentina.

Esses são apenas alguns dentre os inúmeros casos de investidas contra os judeus no decorrer da história antiga e contemporânea. As desculpas são as mais inconsistentes e as razões alegadas são falsas e desqualificadas. Os sentimentos e motivos não se justificam, até porque, ninguém tem o direito de desfazer da vida de quem quer que seja.

O verdadeiro motivo, entretanto, fica bem claro: os judeus foram o povo escolhido por Deus para trazer a redenção à humanidade; eles foram o instrumento usado por Iavé para revelar o seu amor ao mundo perdido.

Como foi dito acima, a perseguição aos judeus não teve início na segunda guerra mundial, através de Goebels, o ministro da propaganda de Hitler. Ela está íntima e diretamente relacionada com a divulgação do propósito de Deus de enviar Jesus ao mundo. E nessa linha, todos os que falaram (em especial os profetas) e, de alguma forma, tocaram no assunto, foram alvos das investidas de satanás, pelos mais diversos meios por ele controlados.

E isto vem desde o princípio através da história do homem e do papel que os judeus desempenhariam no contexto mundial, como nação escolhida por Deus para a redenção da humanidade. 

Não é intenção aqui de desculpar os judeus pelos seus erros cometidos nos séculos passados, mas de alertar acerca da exacerbação de sentimentos antijudaicos , que podem levar à ruína aqueles que se levantarem contra os instrumentos escolhidos por Deus. Só a ele cabe o julgamento. A ninguém mais.

Dessa forma, entendo que para cumprir o desígnio de Deus, os judeus haveriam de pagar o alto preço de ser o canal através do qual o evangelho haveria de alcançar toda a raça humana.

Como rejeitar aqueles a quem Deus ama e escolheu para beneficiar o mundo inteiro? A história dos judeus está patente aos olhos de Deus.

Uma coisa deve ficar bem clara: o amor de Jesus, que foi demonstrado pelo sacrifício de si próprio na cruz, com o propósito de salvar os seres humanos pela sua graça mediante a fé nele, esse mesmo amor é que tem preservado os judeus durante séculos, para cumprir os seus desígnios e trazer a redenção da humanidade.

O que tem sido dito até aqui não é uma defesa emocionada dos Israelitas, tampouco tem o propósito de ignorar o que eles fizeram de errado, mas trata-se de colocar as coisas no seu devido lugar e não tomar parte no juízo de Deus sobre os judeus. E aqui não cabe julgar a culpabilidade de Israel que justifica os ataques por ele recebidos.

O castigo de Deus a Israel é algo de exclusiva competência de Deus, no qual não cabe qualquer intromissão. Até mesmo para não suceder a alguém o que aconteceu a outras nações que receberam o merecido castigo pelo que fizerem a Israel. Quem deve lhe pedir contas pela sua desobediência é Deus e não nós. Os antigos inimigos de Israel praticamente já não existem. A grande maioria foi reduzida à nada.

Alguém pode ter a tendência de pensar e agir, mais ou menos dessa forma: - se Israel sempre desobedeceu a Deus, não quis andar nos seus caminhos e até rejeitou o seu Messias (Jesus), a ponto de ele levantar várias nações antigas para castigá-lo, devemos então também desprezá-lo, rejeitá-lo e odiá-lo.

No entanto, é preciso lembrar que, os povos que foram utilizados por Deus para castigar Israel, esses mesmos povos foram alvos do juízo de Deus pois, no papel de serem instrumentos de Deus para punir Israel, tiveram prazer em suas ações e, excedendo-se no castigo, ultrapassavam os limites desejando ver Israel destruído.

Em nenhum momento pode ser esquecido que Deus é o Pai de Israel e, como tal, seus castigos a Israel visam à sua restauração e não à sua destruição. É preciso que aqueles que dizem ser cristãos e professam o nome de Deus considerem e se conscientizem de algo que deve ficar bastante claro: Israel é um povo que possui uma aliança eterna com Deus e essa aliança jamais será quebrada.

É necessário serem considerados os propósitos de Deus com Israel. Apesar de seus erros, devemos amar os judeus e opor-nos a qualquer tipo de ressentimento e amargura contra eles. 

E aqui cabe a frase de um autor desconhecido:

"Estranho que Deus escolheu o judeu; Mas muito mais estranho que, aqueles que escolhem o Deus dos judeus, odeiem o judeu".

Deus é o Juiz
 
Na verdade, eu creio que os julgamentos divinos que caíram sobre a nação de Israel são justos do ponto de vista de Deus. Não nos compete julgar aquilo que Deus reserva como prerrogativa sua. 

Os judeus, por assim dizer, já sentiram na pele as consequências de algumas de suas irreflexões, como as que estão registradas nos evangelhos, tendo sido a rejeição de Jesus a principal delas.

Muitos dos sofrimentos dos judeus, tanto os narrados na Bíblia como os mencionados na História Geral, estão relacionados com sua incredulidade e desobediência a Deus, nos tempos do Antigo Testamento, e com a rejeição do Messias (Jesus Cristo) na era cristã. 

Porém isso não dá a ninguém o direito de odiá-los.

No discurso de Pedro, narrado no capítulo 4 do livro de Atos, o apóstolo menciona que Herodes, Pôncio Pilatos, gentios e os povos de Israel se ajuntaram contra Jesus para fazerem tudo que já havia sido predeterminado por Deus. 

Dessa forma, a atitude dos judeus para eliminarem o Autor da vida constituiu:


1) da rejeição deliberada e consciente da nação:
a) os que foram prendê-lo viram 2 milagres: recuo e queda dos soldados e a restauração da orelha direita de Malco (João 18.6,10);
b) tinham visto a ressurreição de Lázaro; mesmo assim, não quiseram crer e procuraram matar Jesus e a Lázaro (João 11.45-47; 12.9-11);
c) ouviram de mau grado a palavra de Deus (Mt 13.15);
d) o mesmo conselho que o condenou tinha consciência da sentença que pairava sobre seus membros (At 5.28);
e) constituição de falsas testemunhas (Mt 26.59-60; Mc 14.56-58).


2) da entrega de Jesus a um governador romano que:
a) sabia que o tinham entregue por inveja (Mt 27.218?);
b) sabia por si próprio e conscientemente que ele era justo (Mt 27.24);
c) não viu nele culpa nem crime algum (Lc 23.4, 14-15; João 18.38; 19.4-6);
d) sabia que ele era justo pelo testemunho de sua mulher (Mt 27.19);
e) ficou atemorizado (Lc 22.51);
f) possuía autoridade para condenar e absolver Jesus, segundo duas próprias palavras, mas decidiu não fazê-lo por motivos políticos (João 19.10);

Algumas razões ou causas que levaram os judeus a adotarem essa posição tão desastrosa para eles e sua descendência:
a) na responsabilidade social: descaso, indiferença, negligência e displicência;
b) sob o aspecto religioso da nação: incredulidade, amor ao mundo;
c) soberba nacional: presunção, irresponsabilidade, orgulho, precipitação: “...e todo o povo respondeu: o seu sangue caia sobre nós e nossos filhos” (Mt 27.25);
d) injustiça e ingratidão: teimosia - “Jerusalém, Jerusalém que matas os profetas... quantas vezes quis eu juntar os teus filhos... e não o quisestes “ (Mt 23.37);

Em decorrência disso, receberam tudo que lhes aconteceu e ainda acontece atualmente. Por tão triste e infeliz decisão que tiveram em rejeitar Jesus o Príncipe da paz, atraíram sobre si consequências gravíssimas que seus atos mereceram.

Em uma das viagens que fiz ao Oriente Médio com uma caravana, após vermos na cidade do Cairo, no Egito, centenas de adultos e crianças maltrapilhas e famintas, em condições subumanas e miseráveis, vivendo em um antigo cemitério, um pastor que comigo viajava fez o seguinte comentário: “isso é bom, para pagar o que eles fizeram com os Israelitas”.

Essa atitude reprovável contra os egípcios envolvia vidas inocentes, seres humanos que nada têm a ver com a maldade do antigo Faraó e de seus antepassados. Não precisamos, não devemos e nem podemos acolher tão irracional atitude pró judaica, a ponto de nos alegrarmos com o infortúnio com o qual foram acometidas vidas humanas.

Dessa mesma forma, deparamos, também, com posições antijudaicas loucas e inflamadas pelo ódio.

A nós cabe, tão somente, deixar Deus agir livremente sem querermos interferir em seus atos soberanos. Mesmo porque toda a humanidade é culpada pela morte de Jesus e não somente os judeus.

Isso apenas faz parte de um julgamento temporário dos israelitas da parte do próprio Deus. 

Entretanto, somente ele pode fazer esse juízo porque é justo, sabe o que faz e diz respeito apenas a ele, pois os pecados dos judeus foram direcionados e afetaram ao próprio Deus e a nós não foi dada a autoridade de julgar, principalmente usando as armas do ódio e da vingança.

Apesar de todos os seus erros, nunca, nenhuma nação ou povo fez coisas boas e úteis tão grandiosas e estupendas como fez a nação de Israel. Não se pode olvidar que o mundo inteiro foi extremamente favorecido pelos judeus e a eles deve muitíssimo.

Além disso, uma coisa importante que devemos considerar é que os judeus são monoteístas e, para defender a Deus e a sua fé no Único Deus a quem professam, estão dispostos a perderem as suas próprias vidas, coisa que alguns de nós cristãos tememos até em falar.

Será que estamos conscientes de que Israel foi constituído como nação sacerdotal, com o propósito de trazer a redenção para a humanidade? Como desprezar e até odiar um povo que o próprio Deus ama?

Israel é chamado por Deus como “a menina de seus olhos”. Eis mais alguns tratamentos carinhosos de Deus para com Israel: “Bichinho de Jacó”; “Povozinho de Israel”; “Minha Herança”.

Um dos nomes de Deus, pelo qual ele se autodenomina e se tornou conhecido, é: O Deus de Israel. Revelou-se como o Deus de Abraão; o Deus de Isaque; O Deus de Jacó - patriarcas judeus -, e, ainda, o Poderoso de Jacó.

Aqueles, pois, que pensam em algo como a aniquilação dos judeus, devem se lembrar que um judeu, Jesus, dentro em breve governará a terra. E não somente a terra mas todo o universo, e isso de forma plena e em todos os aspectos.

E mais: ao assumir o governo, procederá a um julgamento dos homens e de todos os poderes naturais e sobrenaturais e determinará a recompensa ou a sentença justa e merecida por cada um. É importante dar aos judeus a mesma consideração que Deus dá. 

Nada mais é necessário além disso!

Benfeitores

Portanto, sempre é bom ter em mente a promessa de Deus feita a Abrão em Gênesis 12.2, de que abençoaria aos que o abençoassem e amaldiçoaria aos que o amaldiçoassem, pois ela ainda permanece de pé, plenamente em vigor. Quem se indispuser contra os judeus estará em sérias dificuldades diante de Deus.

Como indivíduos, os judeus que recebem Jesus como Salvador foram no início da era cristã, continuam sendo agora e sempre serão parte da igreja de Cristo.

A obra missionária mundial foi iniciada pelos judeus. Aliás, Edith Schaeffer, esposa de Francis Schaeffer, em seu livro O Cristianismo é Judaico, tece alguns comentários lembrando as origens do Cristianismo.

A Igreja do Novo Testamento precisa ter consciência de que a sua existência, humanamente falando, é devida aos judeus. Não deve se esquecer de que “a salvação vem dos judeus” - João 4.22. As profecias do Antigo Testamento a respeito da evangelização de todos os povos indicavam que a ação missionária partiria dos judeus. “De Sião sairá a lei e a palavra de Deus de Jerusalém” - Is 2.3; Mq 4.2; Lc 24.47.

Prova disso é que a quase totalidade das manifestações de Deus à igreja e ao mundo, a Revelação Geral e a Revelação Específica, tanto de sua pessoa como de suas obras, decretos e propósitos, foi feita através dos judeus, na qualidade de historiadores, profetas, reis, pescadores, estadistas, homens do campo, legisladores, nobres, juízes, sacerdotes, etc.

Secularmente, o código judaico, que muito subsidiou e sobremaneira influenciou o Direito Romano e a filosofia de quase todos os povos em todos os continentes, foi retirado do decálogo e da jurisprudência da lei mosaica.

Dessa forma, povos de todo mundo possuem uma enorme e impagável dívida de gratidão para com o povo judeu pela sua contribuição que deram.  

Grandes cientistas e estadistas judeus beneficiaram a humanidade, tais como Albert Einstein; Albert Sabin; Elie Wiesel – Nobel da Paz 1986; Gustav Mahler – maestro regente; Henry Kissinger – Secretário de Estado; Isaac Asimov – escritor; George Gershwim – Compositor; Benjamin Disraeli - conde de Beaconsfield (1804-1881), escritor e primeiro-ministro britânico; Isaac Bashevis Singer – escritor e Nobel de literatura 1978; Maimônides – pensador; Marc Chagall - pintor, desenhista, gravador e vitralista; Marcel Proust – apontado como o maior – e mais influente – escritor do século XX; Steven Spilberg – cineasta; Arnaldo Niskier - jornalista, professor, educador, administrador, ensaísta, orador, diretor de empresas, e secretário de ciência e tecnologia. Além desses, há um grande elenco no mundo das artes, da ciência, da literatura, etc.

Outro fator de grande importância no povo judeu é que, por desinformação ou má compreensão da história dos hebreus, muitos desconhecem os efeitos das orações feitas por aqueles que possuem maior zelo pela fé judaica. Se alguém pensa que Deus não está ouvindo a oração dos judeus, necessita de maior intimidade com a Bíblia, a fim de compreender os planos de Deus para aquele povo.

As orações dos judeus realizadas no Muro das Lamentações, em Jerusalém, sem dúvida alguma, são ouvidas por Deus e serão por ele respondidas na ocasião oportuna.

Um dos mais insistentes pedidos dos judeus em suas constantes orações, e também em inúmeras de suas canções, é para que, na concepção deles, o Messias venha. E a promessa de Deus é clara: “Virá de Sião o Libertador, ele apartará de Jacó as impiedades” - Rm 11.26. 

Outra oração é para que a paz, tão desejada, venha a eles.

E virá, de fato, quando Jesus se revelar a eles e, então, dirão: ”ele é a nossa paz”; e ”bendito o que vem em nome do Senhor” – Isaías 54.7-10, 13; Mt 23.39; Lc 19.42-44.

Acredito que se houver melhor entendimento dos propósitos de Deus para os judeus e das sinceras orações que continuamente realizam, certamente a fé dos israelitas será alvo das intercessões de todos os cristãos.

Não me restam dúvidas de que Deus ouve as suas orações e, um dia terão resposta, cujos resultados deverão trazer a paz tão almejada e sonhada pelos remanescentes de Israel.

Os fatos negativos, perseguições e a dispersão dos judeus, em parte, foram motivados pelas falhas deles em entender, na sua plenitude, os propósitos de Deus. Isso, entretanto, não significa que Deus os rejeitou para sempre. Pelo contrário, usou-os com poder e graça, e, mesmo a despeito de não serem seu instrumento como nação, muitos deles honraram o seu Deus, Iavé. 

Queiramos ou não, a função dos judeus na transmissão da mensagem de Deus é indiscutível. Somos gratos aos judeus por haverem sido eles o elo entre Deus e nós. Nossa dívida de gratidão para com os judeus é de inestimável preço, como de um filho ao seu pai. 

Na Teologia Paulina, os gentios são zambujeiros, espécie de oliveira brava, enxertados nos ramos naturais, que são os judeus. E a observação do apóstolo é para que não haja nenhuma atitude de vanglória dos gentios sobre os judeus, pois são eles que sustentam os gentios e não o contrário. 

A visão escatológica do profeta Zacarias dá conta de que, em um futuro breve, as nações que desejarem buscar o favor do Senhor deverão recorrer à intermediação dos judeus - Zc 8.20-23. 

Conclusão

Finalmente, não podemos esquecer de que Israel é a menina dos olhos de Deus - Zc 2.8 8.23. “Se sua rejeição foi salvação dos gentios, que não será da sua restauração senão salvação mais plena?” - Rm 11.15.

Nas Escrituras Sagradas existem as mais diversas e gloriosas promessas para os judeus. Basta um exame rápido dos seguintes textos para termos uma compreensão mais clara de como devemos considerar os judeus: 2 Sm 7.23; Jr 31.7; 31-36 e 37; 33.25-26; 50.5-7; 33,34; 51.5; 51.49. 

Existe uma aliança eterna entre Deus e os judeus que não foi e nem será quebrada jamais - Is 54.7,8,10; 55.3.

Para nos posicionarmos definitivamente quanto à aceitação dos judeus, por si só, a seguinte afirmação basta:

*Jesus Cristo: divinamente, é o Deus Eterno; humanamente, é um judeu.





 

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